Quilombo do retiro

🏞️ Origens e Reconhecimento

  • Em 29 de setembro de 2005, a Fundação Palmares emitiu a Portaria nº 39 que certificou oficialmente a comunidade como remanescente de quilombo
  • A história da terra remonta a escravo fugitivo Benvindo Pereira dos Anjos, natural de Angola, que em 1892 adquiriu uma propriedade que anos depois seria herdada por seus descendentes

🌍 Território e Organização

  • Cerca de 77 famílias, totalizando aproximadamente 300 pessoas, vivem atualmente em cerca de 160 hectares, embora reivindiquem demarcação de 519,5 hectares pendentes de titulação pelo INCRA (processo desde 2004).
  • A criação da Associação dos Herdeiros do Benvindo Pereira dos Anjos em 1991 marcou a retomada da organização comunitária e da retomada da cultura, como a Banda de Congo Unidos do Retiro.

🎶 Cultura e Tradição

  • A dança do Congo, forma local do Congado, foi retomada após sua suspensão nos anos 1960 e passou a ser comemorada no dia de São Benedito (26 de dezembro) e São Sebastião (20 de janeiro), com cortejos, cânticos e hasteamento do mastro
  • A banda preserva ritmos e cantos ancestrais que fortalecem a identidade quilombola da comunidade.

🧱 Cotidiano e Desafios

  • A comunidade mantém casas de pau-a-pique, plantações familiares, artesanato e festas culturais como formas de sobrevivência e de transmissão de memórias e saberes.
  • Apesar da titulação ainda não concluída, eles possuem escritura pública desde 1892, mas enfrentam burocracias jurídicas: áreas em nome de herdeiros individuais dificultam a titulação como propriedade coletiva .
  • O saneamento básico é falho: coleta de lixo irregular, iluminação pública precária, água tratada implementada em 1998, pouco acesso à saúde e educação básica forçando deslocamentos até Santa Leopoldina ou Barra de Mangaraí.

👵 Memória viva e geração de saberes

  • Moradora tradicional como Dona Filhinha (86 anos) relatam o compromisso com a transmissão dos valores ancestrais às novas gerações, valorizando a autonomia e a identidade quilombola.
  • A contação de histórias, como as promovidas por Tio Mário, mestre da Banda de Congo, ajudam a preservar narrativas sobre o fundador da comunidade, a cultura, os canoeiros do Rio Santa Maria e outros elementos simbólicos